Não Toque no Gato, de Mary Stewart

by - março 07, 2023


Há uma recomendação de que a gente não deve comprar livros (ou julgá-los, tá) pela capa. Eu não ligo tanto para recomendações ou ditados populares. Ainda mais depois de ver a capa de Não Toque No Gato, de Mary Stewart, lançado pelo Círculo do Livro (com tradução de A.B. Pinheiro de Lemos), e ser completamente arrebatada por ele. (A melhor curiosidade sobre essa capa, sem dúvida, é que ela foi usada também para uma edição de Amityville, do Jay Anson.)

Quando vi essa capa pensei "que horror! parece péssimo. vou comprar". A Michelle já tinha comprado, então comprei também e decidimos pagar para ver — eu, no caso, paguei 7 reais. Eu já tinha visto alguns exemplares dele em sebos por aí. Pode se pensar que um livro com tantos exemplares disponíveis no sebo, sendo da década de 1970, não fosse lá grandes coisas. Mas eu estava tremendamente enganada. Eu devorei o livro. É uma delícia de leitura. 

Na história, narrada em primeira pessoa, conhecemos Bryony Ashley, uma jovem de 22 anos que descende de uma antiga família que chegou à Inglaterra há muitos anos. No momento em que o livro começa, Bryony está morando e trabalhando em Portugal, enquanto seu pai, Jon Ashley, está hospedado em um hospital. Logo então Bryony recebe a notícia que seu pai está gravemente ferido.

Mas nossa personagem não recebe essa mensagem por meio convencionais, como um fax ou um telefonema (o livro se passa nos anos 1970). Não, ela recebe essa mensagem telepaticamente. É nesse ponto, logo no início da narrativa, que descobrimos que Bryony possui esse dom especial, herdado há gerações pela família Ashley. O ponto, entretanto, é que Bryony não faz ideia quem seja seu interlocutor, que fala com ela desde que ela era criança. O perigo!


Bryony desconfia que seja algum de seus primos, ou os gêmeos, James ou Emory, ou o mais novo, Francis. Todos cresceram juntos em Ashley Court, uma imensa propriedade que era de Jon Ashley. Ao lado deles, Rob Granger, que se tornou o zelador (e faz tudo) do local, as crianças cresceram e cada um seguiu para seu canto.

Com a morte de Jon, entretanto, por causa de um documento assinado há tantos anos antes, não é Bryony quem herda a propriedade, mas sim Emory, que é o rapaz mais velho na família. A propriedade está arrendada pra uma família norte-americana — que tem uma passagem rápida mas importante pela história. 

Intrigas, picuinhas familiares, tretas, romance, breguice, figuras encapuzadas, mistérios, registros alterados, uma carta no leito de morte que leva a mais mistérios, Romeu e Julieta, livros antigos, mansão velha e decadente tal qual a vida aristocrática inglesa já na década de 1970, e uma narrativa que se liga ao passado conforme é contada, um cheirinho de história gótica... Tudo que a gente mais gosta, reunidos em um só livro! Eu não conseguia parar de ler. Se não fosse uma pessoa responsável, eu teria passado pelo menos duas noites até a madrugada agarrada ao livro. Mas resisti, e consegui terminá-lo sem prejudicar meu sono.

O título do livro é um show a parte, e foi um detalhe que eu amei. Tem uma ligação profunda com a história sim, mas a parte que mais me chamou a atenção é que Stewart usou um lema real de um clã escocês das highlands, o clã Chattan (que é uma união de doze famílias), para inserir na história da família Ashley. No original, o lema é "Touch not the cat bot a glove", algo como "não toque no gato sem uma luva", que tem várias interpretações. A insígnia do Clã, a mesma que Stewart usou para a família Ashley, mencionada no livro, com o gato selvagem, é essa abaixo:


Eu fiquei encantada com a história que Mary Stewart escreveu. Às vezes, a única coisa que precisamos é de uma aventura neo-gótica com uma jovem em busca daquele que ela ama e com quem consegue conversar telepaticamente. 

Adoraria ler mais livros desse tipo da autora. Já parti em pesquisas na Estante Virtual e espero conseguir adquirir outras obras dela em breve. Além do mais, soube pelo amigo e escritor Fabio Fernandes que a Stewart tem trilogia de histórias arturianas, e fiquei empolgadíssima para conhecer. Descobri, também, que ela escreveu um livro que foi adaptado em filme pela Disney. O filme se chama O segredo das esmeraldas negras, em português, e o livro recebeu o nome de Terror a Meia-Noite.

Não Toque no Gato, de Mary Stewart, pode ser encontrado em edição física na Estante Virtual ou em vários outros sebos por aí. 


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2 comentários

  1. Ah, pronto, já tô com a aba da estante virtual e da amazon abertas e procurando os livros!

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    1. a própria influencer de livro véio <3 hahahahaha

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