[Crônicas Vampirescas] Memnoch, de Anne Rice
Cheguei ao quinto livro das Crônicas Vampirescas e, nesse momento, é preciso admitir que esta jornada está sendo desafiadora. Se você quer ler as resenhas dos quatro livros anteriores, é só clicar aqui e você será redirecionado à tag "Crônicas Vampirescas" aqui no blog.
Pois bem, vamos recapitular onde estamos nessa história: Em Entrevista com o Vampiro, conhecemos a história de Lestat através de Louis, seu transformado, e como os dois trocaram farpas durante muitas décadas. Louis narrou sua vida para o jornalista Daniel, que publicou a história, que acabou fazendo tanto barulho no mundo dos vivos que acordou o próprio Lestat, que esteve dormindo por muitos anos.
Lestat então pensou "se ele está contando minha história por aí, acho que tenho direito de resposta", e desde então, a partir do segundo livro, O Vampiro Lestat, ele assume as rédeas da situação e começa a contar ao mundo tudo: sua vida, como ele viu os acontecimentos que Louis narrou em Entrevista, e o que ele andou fazendo desde então: criando uma banda de rock para cantar seus lamentos como um ser centenário e tentando encontrar seu lugar no mundo.
Já em Rainha dos Condenados conhecemos mais a fundo a história dos próprios vampiros, conhecemos outras dessas criaturas, novos vampiros são feitos e muitos deles são mortos por Akasha. Em O Ladrão de Corpos, Lestat troca seu corpo por um corpo mortal com um homem capaz de, bom, roubar corpos. O que Lestat não esperava é que ele fosse ser passado para trás e feito de trouxa. Mas ele recupera seu corpo, o que nos leva ao quinto livro da série: Memnoch.
Publicado originalmente em 1995, li Memnoch na edição de 1997, da Editora Rocco, com tradução de Waldéa Barcellos. Na história, que se passa depois dos acontecimentos de O Ladrão de Corpos, Lestat se encontra novamente sozinho depois de ter transformado David e viajado com ele e Louis ao Brasil (é, pra cá). David foi perambular pelo mundo, esteve com outros vampiros, enquanto Lestat ficou nos Estados Unidos, principalmente em Nova York, seguindo sua próxima vítima, um traficante poderoso chamado Roger.
De certa forma Lestat se apaixonou por Roger. Em suas perseguições, Lestat observa Roger com sua filha, Dora, uma jovem fiel que acredita perdidamente na crença de Deus, e que está disposta a tudo para provar a existência do milagre divino. Quando assassina Roger e suga-lhe o sangue, Lestat conhece ainda mais sobre Dora. Na mesma noite, Roger aparece para Lestat como fantasma e lhe conta sua história.
Até aí tudo bem. Nada muito anormal na vida de Lestat, que até então não tinha se comunicado com nenhuma de suas vítimas no pós-morte, mas e daí? Depois de longas horas de conversa com o fantasma, Lestat promete cuidar de Dora e dar-lhe toda a sua herança, que ela se negava a receber.
No meio de toda essa primeira parte temos um Lestat muito receoso. Ele sente que está sendo seguido por alguém, alguma presença que ele não reconhece. Isso atinge o ápice quando Lestat está conversando com Roger, e percebe que algo veio buscar a alma de seu novo amigo. Pouco tempo depois Lestat é abordado por um "Homem Comum", e logo descobre que está sendo alvo de perseguição do próprio Demônio, que quer pedir a ele que seja seu ajudante.
O que se segue depois disso são várias páginas de discussão religiosa entre Memnoch, o Diabo, e Lestat. Uma viagem ao Paraíso, uma viagem pela história da evolução, por Guerras Santas, pelo Calvário de Cristo, e, por fim, ao Inferno. Memnoch apresenta todo o projeto de Deus para que Lestat compreenda em quê ele pode ajudar. Por fim, Lestat se nega, retorna ao mundo dos vivos depois de perder um olho, e fica levemente obcecado, beirando à loucura, por tudo que viu e ouviu.
Maharet — a mais antiga vampira junto de sua irmã Mekare, depois da morte de Akasha, e que assumiu o posto de Rainha dos Condenados — vem ao encontro de Lestat, lhe devolve o olho perdido e lhe entrega um bilhete de Memnoch, que agradece a ajuda de Lestat. Com isso, percebemos que Lestat foi enganado mais uma vez. Ele perde o controle, e Maharet o aprisiona em um antigo orfanato, que antes pertencia a Dora, para evitar que ele se machuque ou machuque outro vampiro.
Isso é um resumo muito rápido do que se passa nas quase 400 páginas de Memnoch. Foi um livro difícil, muito difícil, que me deixou presa por quase três semanas nessa narrativa. Não é um livro ruim exatamente, mas a Anne Rice descreve tudo muitas vezes, e transforma uma questão em quinhentas, e retorna ao mesmo ponto várias vezes, utilizando uma linguagem rebuscada de vez em quando. Sabemos que mais adiante a Anne Rice flerta fortemente com o catolicismo e passa a escrever histórias com foco na religião, e aqui ela apresenta sim ideias interessantes sobre "o grande plano divino", mas é tudo muito, muito lento. Tem ótimas passagens, como todos os livros dela, e algumas que você fica um pouco de cabelo em pé, mas tudo normal também (para quem já enfrentou 4 dos livros anteriores e A Hora das Bruxas, esse aqui é fichinha).
Esse, pra mim, foi o pior livro das Crônicas até agora. Não consegui engatar de forma nenhuma, e no meio da leitura eu só estava torcendo para que acabasse logo. Mas acabou, finalmente, fico extremamente feliz de ter terminado essa leitura. E, claro, eu vou continuar lendo as Crônicas.
Pela ordem cronológica, o próximo livro seria Armand. Mas vou intercalar Lasher e Taltos, que pertencem à saga das Bruxas Mayfair, antes de continuar com a leitura das Crônicas. Mais adiante terão alguns crossovers importantes entre as duas sagas, e quero já estar pronta. Não tenho condições de ler A Hora das Bruxas de novo, mas acho que tenho essa leitura bem fresca na minha memória. Então, depois de umas férias de um ou dois meses, devo retornar aqui falando de Anne Rice.
"Jéssica, mas você recomenda a leitura?" A essa altura eu não sei mais. Mas se você se interessa por vampiros, quer conhecer mais as transformações que essas criaturas sofreram ao longo dos anos na literatura e no cinema, a Anne Rice é de um papel fundamental. Depois de Entrevista tudo mudou. Nova Orleans se tornou a nova capital mundial dos vampiros. Então acho interessante, sim, se você é uma pessoa curiosa. Talvez a leitura dos três primeiros livros da Crônica já sejam suficientes. A Rocco lançou um box recentemente que está bem interessante.
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