Final do ano passado, quando fui rever minha lista de leitura para escolher os favoritos do ano, eu percebi que tinha lido poucos autores brasileiros, poucos autores não brancos e poucos livros de ensaios e afins. Foi algo que eu quis mudar imediatamente, então logo me vi tentando selecionar livros aqui da minha estante (física e do kindle) que pudessem me ajudar nessa tarefa — estou em uma intensa contenção de gastos por aqui (e se quiserem ajudar, comprem pelo meu link de afiliada da amazon, que já é um super apoio).

Por sorte, sigo muitos autores no twitter, sempre vejo alguns lançamentos, então não foi difícil a parte de ler mais autores brasileiros. Aliás, já estou com uma lista belíssima de próximas leituras. 

Esse textinho saiu depois que li Essa Festa Virou um Slasher!, da Marina Feijóo, que eu já estava de olho há algum tempo. Então pensei em reunir três livros curtos de terror brasileiros que li nas últimas semanas e deixar como dica. Sei que muitas vezes há uma ideia equivocada de que o Brasil não produz trabalhos de ficção de terror, já falei disso algumas vezes por aqui. Infelizmente a realidade é que esses trabalhos existem, mas são pouco lembrados, comentados, discutidos. E não digo de agora, digo de produções de décadas atrás também. 

O que posso fazer, afinal de contas, é continuar indicando as leituras que faço. Então, espero que esse ano ainda tenham muitas listas desse tipo por aqui, bem como na newsletter (se você ainda não se inscreveu na newsletter, se inscreva! é de graça e é um conteúdo diferente do blog. estou ainda de férias, mas retorno em breve).

Tempos atrás a Marina estava procurando algumas criadoras de conteúdo literário de terror no twitter e me indicaram a ela. Começamos a nos seguir e logo vi que um dos livros dela tinha um tipo de ghostface na capa, e logo me chamou a atenção — além do título, claro, que é excelente. Li o livro de uma vez. Ele tem 84 páginas, com capa de May Barros e está disponível no kindle unlimited. A história acompanha Alice e Allan que, de início, não se conhecem mas estudam na mesma universidade. Na noite de Halloween, durante uma festa, duas amigas deles acabam sumindo enquanto uma onda de assassinatos varre o campus. O destino acaba juntando os dois e os unindo contra o inimigo em comum. Eu achei uma história extremamente divertida, me lembrou realmente diversos momentos meus na faculdade, e nem digo somente pelas festas, mas experiências com outras pessoas: gente do mesmo curso que as vezes não gostamos tanto, pequenas relações que não fazem tanto sentido. Me diverti muito e o final me surpreendeu demais. Achei corajoso e extremamente interessante — mas se eu disser o porquê vai ser um spoiler, então vou deixar que vocês mesmo descubram. Li esse na mesma época de My Heart is a Chainsaw, então o coração apaixonado por slashers que em mim habita ficou muito feliz. Conheçam o trabalho da Marina, que já tem três livros publicados na amazon, que vocês vão encontrar autora independente com um material bem interessante.

A Karen já é uma figurinha carimbada aqui e no meu trabalho. Desde o começo do blog venho acompanhado o trabalho da Karen, que é incrível. Tem uma entrevista com ela aqui e uma resenha de um de seus livros, Horror em Gotas, aqui. Então quando recebi o convite da Editora Dame Blanche pra ler seu novo livro antes que ele fosse lançado, eu fiquei extremamente feliz. No livro, Alessa retorna para sua cidade natal após receber uma carta de sua mãe, com quem não falava há algum tempo. Mas tudo na cidade parece muito estranho para Alessa, a começar pela falta das pessoas nas ruas (e, depois, por estranhos monstros baratões que aparecem por ali). No melhor clima Silent Hill, esse é meu trabalho favorito da Karen (eu já disse isso pra ela). Alessa é uma protagonista interessante, presa em um mistério de roer as unhas. Um livrão. Tem 117 páginas e uma leitura muito instigante. A capa é da maravilhosa Amanda Miranda, que também já passou por aqui. 

Eu gosto muito de livros que alternam entre momentos diferentes. Gosto de acompanhar histórias assim, tipo em Yellowjackets (que estou devendo um texto aqui, eu sei, vou fazer em algum momento). Li Festa Infernal da Sofia Soter esses dias antes de dormir, e adorei. A história gira em torno de Noelle, uma jovem que teve uma fita vazada em que beijava uma amiga, e acabou se afastando da maioria de seus amigos. As únicas que sobraram foram Celina e Alice. Curiosamente, e de forma bastante repentina, vários desses antigos amigos de Noelle começam a ter mortes misteriosas. Ao mesmo tempo que acompanhamos esses acontecimentos, descobrimos que algo terrível aconteceu no tempo presente: uma festa que acabou virando cenário de filme de terror — tudo isso através de trechos retirados de sites e conversas de apps de internet. O resultado é uma história muito interessante. Achei uma ótima forma de contar a história, liberando aos poucos o que se sabe sobre os acontecimentos dessa festa e o que aconteceu para chegar até ela. Tem 65 páginas e a capa tem a ilustração de Ana Carolina Oda, com design de Vitor Castrillo, e foi lançado pela agência literária Três Pontos.

Espero continuar lendo mais brasileiros ao longo do ano. Já estou lendo Gótico Nordestino de Cristhiano Aguiar e estou com Porco de Raça do Bruno Ribeiro como uma das próximas leituras, ansiosa para conhecer essas histórias a fundo.