Feliz aniversário, Stephen King

by - setembro 21, 2022


Já contei algumas vezes sobre como comecei a ler Stephen King. Comigo, King foi tipo conhecer o conceito de um sentimento, antes de experimentá-lo: eu conheci seu nome, obras derivadas, antes que pudesse me encaminhar para ler o que ele tinha escrito.

E li primeiro seus livros de não ficção, antes de me aventurar pela ficção. Dança Macabra caiu em minhas mãos quando eu estava dando meus primeiros passos rumo ao terror. Conhecia bem pouco desse mundo, porque eu e o terror demoramos muito para nos conhecermos melhor. Nos tornamos íntimos nos últimos seis anos. Então, eu precisava conversar com alguém que conhecesse de verdade o gênero, para me ajudar nesses primeiros passos.

Desde a primeira página de um livro do King que li eu percebi que era exatamente isso, uma conversa. Stephen King conversa com você como se ele fosse um velho amigo que te conta uma história, cheia de ensinamentos, passagens aterrorizantes, um intenso drama pessoal, ou o que quer que ele esteja querendo te contar naquele momento.

Mesmo com Dança Macabra, onde ele escreve sobre o gênero do terror, parece uma conversa. Era exatamente daquilo que eu precisava.

Ainda na época da monografia, algum tempo depois desse primeiro contato, eu fui atrás de Sobre a Escrita. Porque eu estava iniciando o processo de escrever, e eu precisava novamente daqueles conselhos amigos. Recebi alguns ótimos, que sigo até hoje, já que meu trabalho depende muito da escrita. O livro foi essencial para mim. Ainda hoje é.


Então, quando estava quase defendendo minha monografia sobre vampiros, eu fui atrás do meu primeiro livro de ficção de Stephen King: Salem's Lot, a homenagem de King ao Drácula. Novamente, era aquela mão amiga que estava ali, me contando uma história assustadora dessa vez, sobre meu tema de estudo. Esse se tornou meu livro favorito do King. Já o reli algumas vezes. Escrevi sobre ele para o catálogo da mostra que aconteceu no CCBB em 2019. 

Nos anos que se seguiram, sempre que precisei de um conselho ou de um ombro amigo, quando algo importante se aproximava (mesmo que eu não soubesse), eu pegava um King da estante para ler. Quase instintivo. Não é só a história, nunca é. É como ele conta que resolveu escrevê-la, são os bastidores. É o que o levou até ali. 

Gosto especialmente disso no King. Gosto de saber o making off, o behind the scenes. Gosto de conhecer o processo. Isso é na minha vida no geral: gosto do processo das coisas desde que comecei a estudar história. Quando comecei a trabalhar com terror também me interessei pelos processos. Quando comecei a trabalhar com livros também fui para os bastidores. Com King, não é diferente. Talvez isso explique meu carinho pelas introduções e apresentações de seus livros, onde ele solta um monte de spoilers do que vai acontecer adiante. Isso nunca me importou. O processo é que importa.

Escrevi esse texto hoje só para desejar os parabéns a um dos meus autores favoritos, um daqueles que sempre me distrai, me aconselha, me dá algo novo para pensar. Atualmente estou lendo Saco de Ossos. Como sempre, tem sido uma aventura da melhor espécie. Espero que King ainda viva muitos anos e nos presenteie com muitas obras. Torço para conseguir ler a maior quantidade de livros dele que puder.

Feliz aniversário, Steve.

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