Força da Natureza, de Jane Harper
Gosto muito de um bom thriller, um bom suspense, algo que me mantenha lendo até não conseguir mais manter os olhos abertos e esteja pronta para dormir. Descobri que ler um pouco antes do sono me ajuda a ter uma noite melhor; me afasta do celular mais cedo e, consequentemente, eu começo a me desligar mais cedo também. Além disso, um bom thriller é sempre capaz de me tirar da ressaca literária: quando eu não consigo ler mais nada, uma investigação me traz de volta.
Com Força da Natureza, de Jane Harper (trad. Mariana Kohnert), lançado recentemente pela Editora Morro Branco, não foi diferente. Tenho lido um pouco menos esses dias, o que me deixa um pouco chateada, mas Força da Natureza me deu um bom empurrãozinho.
Eu já falei de outro livro da autora aqui, A Seca, e Força da Natureza se passa com o mesmo detetive principal, Aaron Falk. Não é necessário ter lido A Seca anteriormente, mas alguns acontecimentos da história são citados rapidamente.
Falk, dessa vez, seis meses após o encerramento da investigação de A Seca, está atrás de uma empresa familiar. Com sua nova parceira, Carmen Cooper, eles investigam as ações suspeitas da empresa BaileyTennants, gerida pelos irmãos Daniel e Jill Bailey, que organizaram uma trilha com alguns membros da empresa para estreitarem laços e aprenderam a agir em grupo. Um dos membros desse acampamento é Alice, informante de Falk e Cooper, que está para entregar alguns contratos importantes para eles. Alice não faz isso por vontade própria, ela tem sido forçada pelos agentes para cooperar, caso contrário também põe em risco sua própria carreira.
A ideia da trilha vai bem. Sendo um tipo de competição, os grupos são separados entre cinco homens e cinco mulheres. Os homens chegam sãos e salvos no local combinado e aguardam o retorno das mulheres, que demora horas para aparecer. E quando finalmente aparecem: está faltando alguém. Alice desapareceu durante o trajeto, e há algo estranho por trás desse desaparecimento.
Os capítulos do livro são divididos entre o tempo presente, que é com Aaron e a investigação atual com Alice já desaparecida, e os períodos em que o grupo de mulheres estava lá fora, do início da trilha até o que aconteceu com Alice. Como Alice não está presente, não temos um capítulo narrado a partir de sua personagem, mas temos das outras mulheres do grupo — com narração em terceira pessoa, sempre, mas alternando o foco das outras personagens, o que eu sempre acho interessante.
E é nessa alternância que acho que o ponto alto do livro aparece. Jane Harper, ao pular de um grupo para o outro — da investigação para as mulheres perdidas na floresta — vai nos dando detalhes aos poucos do que está acontecendo e do que aconteceu. Então, provavelmente seus pensamentos e apostas dos primeiros capítulos, dificilmente serão os mesmos nos últimos. Ela nos deixa pistas e acrescenta detalhes que fazem toda a diferença no quadro geral aos poucos.
Além disso, a escrita de Harper é uma delícia. Fluida, objetiva, mas sempre prestando atenção aos detalhes — descrições, ambientação, o clima do livro —, a autora nos conta uma história interessante que, se eu não tivesse mesmo que fazer outras coisas durante o dia, gastaria ali algumas boas horas lendo.
Gosto também como as personagens de Harper possuem suas falhas. Falk, o detetive, tem várias, e as mulheres apresentadas no livro também. E claro, as sutilezas e pequenos acontecimentos que acarretam em uma bola de neve e nos levam à conclusão do livro são outro ponto instigante da trama toda.
Recomendo bastante os dois livros da Jane Harper. São ótimos para passar uma boa tarde de sábado tentando descobrir quem ou o que são os culpados pelos acontecimentos na vida do agente Aaron Falk. Espero que a editora traga mais livros da autora, que são ótimas companhias.
* O livro foi recebido como cortesia da Editora Morro Branco.
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