Maratona da franquia Halloween

by - setembro 20, 2018

Michael Myers, Halloween (1978)

Quando comecei o projeto Todo dia um filme de terror, a ideia era conhecer o gênero que pretendo trabalhar e pesquisar enquanto eu tiver capacidade pra isso. Como disse nessa postagem em comemoração ao filme e ao dia 100, o terror não era algo presente na minha vida até o período da faculdade. Então, eu precisava correr atrás do tempo perdido.



Algo que eu tinha muita vontade era conhecer mais sobre as franquias de sucesso do gênero. Tentei começar por Child's Play, Friday the 13th e Nightmare on Elm Street, mas chegando no terceiro filme de cada uma desanimei um pouco.
Até que entrei numa maratona de Halloween. Talvez por curiosidade, talvez pelo hype do filme novo, talvez por alguma força sobrenatural que eu não sei dizer qual, eu resolvi passar uma semana só assistindo Halloween. Como já tinha assistido o primeiro, acabei começando pelo segundo, e resolvi fazer esse texto para falar sobre a experiência.

É necessário começar dizendo que a franquia Halloween é complicada.
Ela conta, incluindo o filme novo, com quatro linhas temporais. Chamarei os filmes de Halloween de H para melhorar o entendimento:
Linha 1: H1, H2, H4, H5 e H6
Linha 2: H1, H2, H20 e H Resurrection.
Linha Remake do Rob Zombie: Halloween e Halloween II
Linha 3: H1 e Halloween 2018.
O H3 é um filme separado do tema Michael Myers, contando uma história completamente diferente dos filmes anteriores e posteriores.

Preciso também antecipar e dizer que meu filme preferido é Halloween II (1981) e eu desgosto um bocado dos remakes do Rob Zombie.

Dito isso, vamos lá.

Halloween I (1978) e Halloween II (1981)


Halloween I, de 1978, foi dirigido por John Carpenter. Nele, nós conhecemos o assassino Michael Myers (creditado como The Shape, nome que ainda é chamado em algumas sequências, interpretado nesse filme por Nick Castle). Michael havia cometido um massacre em sua casa na noite de Halloween de 1963, quando era ainda uma criança. 15 anos depois, ele foge e volta para a cidadezinha de Haddonfield.
Temos o primeiro contato com a personalidade de Myers: ele é frio, ele é muito paciente e ele sabe exatamente atrás de quem ele está. Myers é um assassino comum, que fugiu do sanatório e foi para casa para continuar cometendo seus crimes. Myers encontra pelo caminho a personagem Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) e esse encontro é a base para o resto dos filmes.
Em Halloween II, de Rick Rosenthal, nós conhecemos um pouco mais sobre Myers (agora interpretado por Dick Warlock). É interessante como o filme começa exatamente quando o primeiro termina. Laurie está no hospital, após os acontecimentos da noite anteriores, e Myers vai atrás dela, É nesse filme que descobrimos que Myers é irmão de Laurie.
Personagem importante de ambos os filmes, que vai permanecer aparecendo pelo resto da franquia, é o Dr. Loomis (interpretado por Donald Pleasence durante todos os filmes da Linha 1), que foi buscar Myers no sanatório e era seu psicólogo, sendo então meio que arrastado para o drama familiar da família Myers/Strode.
Como disse anteriormente, Halloween II é meu filme preferido da franquia. Halloween II apela para o clima pesado e angustiante de um hospital, Laurie está com a perna machucada e precisa fugir desesperadamente de Myers, descobre que é sua irmã, e tudo isso contribui para um filme tenso e com uma ambientação pesada.



Halloween 3: Season of the Witch (1982)

Halloween 3 tem uma particularidade interessante: Halloween era pra ter sido uma franquia de filmes sobre Halloween, não especificadamente sobre o Michael Myers. O filme 3 é um exemplo desse esforço.
Temos uma fábrica de máscaras fazendo máscaras assombrosas que podem matar aqueles que a usarem, quando estes receberem um sinal vindo do comercial de televisão.
É o filme mais odiado entre os fãs de Halloween, mas discordo um bocado desse ódio. Foi dirigido pelo Tommy Lee Wallace (que fez um trabalho incrível com o It, de 1990), e tem partes muito interessantes. O erro, talvez, seja levar Halloween 3 como título. Eu adoraria ver uma franquia Season of the Witch, tratando de terrores dos dias de Halloween.

Halloween 3 (1982)

Halloween 4: The Return of Michael Myers (1988), Halloween 5: The Revenge of Michael Myers (1989) e Halloween 6: The Curse of Michael Myers (1995)


H4 é dirigido por Dwight H. Little, e conta a história após o H2. Laurie Strode fugiu de Myers e teve uma filha, Jamie Lloyd (Danielle Harris). Após um acidente, a garota fica órfã e com Myers (interpretado neste filme por George P. Willbur), que sabe que é seu tio, em seu encalço.
H5 é dirigido por Dominique Othenin-Girard. Após um ano dos acontecimentos do H4, Myers (interpretado por Don Chanks) permanece atrás de sua sobrinha, que acabou ficando muda após esfaquear sua madrasta no filme anterior. É nesse momento, na linha temporal 1, que se dá a entender que Myers tenha algo em sua linhagem, fazendo com que seus parentes sofram de pensamentos e sensações iguais a ele. O que, talvez, seja um dos maiores elementos que diferem a linha 1 das linhas 2 e 3, mas que é recuperada e acentuada na linha de remakes do Zombie.
H6 é dirigido por Joe Chapelle. Jamie fugiu de Myers e teve um filho. Descobrimos que há um culto atrás de Myers (George P. Willbur), que captura Jamie e tenta ficar com seu filho. Tommy (Paul Rudd), o garoto que Laurie era babá naquela fatídica noite de Halloween em 1978, retorna para a franquia, salvando o bebê e cuidando dele. Nesse filme descobrimos que Myers realmente ouvia vozes, e seus parentes tem problemas semelhantes, levando ao culto sombrio.
Essa linha do tempo encerra aqui, com a provável morte de Myers. Esse filme tem duas versões, mas eu prefiro a versão original, já que a versão do produtor tem coisas bastante desnecessárias (como a possibilidade de Michael Myers ser o pai do filho de sua sobrinha e sinceramente pra que?)

Halloween 6: The Curse of Michael Myers (1995)

H20 20 Years Later (1998) e Halloween Resurrection (2002)


H20 foi dirigido por Steve Miner e narra os acontecimentos a partir de H2, só que 20 anos depois. Nessa linha temporal, Laurie está viva e trabalha em uma escola como diretora. Tem um filho, John (Josh Hartnett), que não consegue compreender porque a mãe tem tanto receio de Myers (Chris Durand). Mas Michael encontra a irmã, e começa a caçada de novo. É interessante, porque no final desse filme Laurie decepa a cabeça de Myers, e realmente achamos que ele está morto, já que o filme seguinte se chama Resurrection.
Porém Myers (Brad Loree) não está morto em Halloween Resurrection. Dirigido por Rick Rosenthal (também diretor do H2), conta como Myers foi atrás de Laurie, a matou, e agora mora em um esgoto/porão em sua antiga casa em Haddonfield. Casa esta que, um monte de jovens são contratados para passa a noite lá. Myers, claro, não fica feliz.
Antes dos remakes do Rob Zombie, talvez Resurrection seja o pior filme da linha 1 e linha 2. Rosenthal perdeu completamente a mão a dirigir o estilo paciente e centrado de Myers. E talvez eu também não tenha gostado pois realmente não gosto da tendência do início dos anos 2000, de jovens fazendo bagunça e câmeras e tecnologia, e bom, não é um dos melhores.

H20: 20 Years Later (1998)


Remakes do Rob Zombie: Halloween (2007) e Halloween II (2009)


Halloween começa contando a história da infância trágica de Myers (Daeg Faerch), e eu acho que já começa errado aí. Da forma que Zombie coloca, é como se a ligação de Myers com sua mãe, o namorado abusivo dela, sua irmã "indecente", e toda a condição da família, façam com que o garoto desenvolva algum transtorno, o que é bastante injusto. Myers poderia ter sido criado no local mais feliz do mundo, que ainda sim poderia ser um assassino. Sua personalidade, nas linhas originais, demonstram isso. Mesmo que seja na Linha 1, onde ele ouve vozes, seja na linha 2, que ele desenvolve algo a partir dele mesmo, Myers é mau por ser mau. Ponto. Sabemos como o ambiente externo afeta a vida das pessoas, mas a forma como Zombie explora isso não parece correta. Em seguida, quando Myers (agora Tyler Mane) já está a algum tempo no sanatório, há uma cena de estupro explícita. Isso é irresponsável, irrelevante para a história, completamente desnecessário. Pra mim, mesmo que todas as referências do mundo ao filme original tivessem sido feitas, o filme acabou ali. Terminei de ver mas muito desconfortável.
Halloween II é um pouco melhor. Recuperando a linha 1, onde Myers ouve vozes, Zombie trabalha essa ideia com cenas muito interessantes, até bonitas, mas transformando a relação de sua mãe com o garoto, novamente, na culpada pelos seus transtornos ao colocar a fantasma da mulher o levando a cometer seus crimes. Outra coisa que incomoda bastante é como o Dr. Loomis passou a ser retratado nesse filme. Agora excêntrico e atrás da fama pelo caso de Myers, Loomis se tornou numa caricatura bastante cômica de toda a situação.
Nem as participações interessantes de Weird Al no segundo filme ou do Danny Trejo no segundo conseguiram amenizar meu sentimento de desgosto ao assistir esses filmes.

Halloween II (2009)

Agora, resta saber como vai ficar o Halloween 2018, uma sequência direta de H1, que faz com que todos os outros filmes e histórias sejam ignorados (inclusive a parte em que Laurie Strode e Myers são irmãos).

Se você ainda não viu o trailer, pode conferir abaixo:



 E, quem quiser, esse vídeo do CineMassacre explica de uma forma muito bacana como é a linha temporal de Halloween (e foi o vídeo usado para que eu conseguisse entender essa zona toda):

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1 comentários

  1. Só assisti ao primeiro e aos remakes do Zombie. Adorei muito toda a explicação das linhas temporais dos outros filmes e me deu vontade de ver (porque geralmente as pessoas falam muito mal das sequências pra mim, então desanima um pouco).
    O primeiro de toda a história que vi, foi do Zombie, o que me faz ter um certo carinho pelo filme, sendo inclusive um dos primeiros de terror que assisti. Mas não assisti agora mais velha e com um olhar crítico e achei o que você disse completamente sensato.
    Gosto muito do que você escreve! :)

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