As Sete Mortes de Evelyn Hardcastle, de Stuart Turton
Então, algo muito curioso aconteceu. Há um tempão atrás, acho que depois de procurar algumas vezes sobre Os Sete Maridos de Evelyn Hugo (que é um livro excelente, eu amei a leitura), a Amazon começou a me indicar incessantemente o livro As Sete Mortes de Evelyn Hardcastle. Era um livro que eu via todas as vezes ali pela página principal do site, e comecei a ficar extremamente curiosa para ler. Eu tinha lido a sinopse, esse título ficava na minha cabeça, sempre pensava nele, até que surgiu uma promoção e comprei o ebook.
Mesmo assim não comecei a ler. Deixei o livro no kindle por alguns meses. Certo dia, lendo uma lista de livros no CrimeReads, encontrei ele lá (acho que era a lista de dez livros de crimes que se passam em lugares isolados), então pensei: agora vai.
E foi. Mas foi muito.
No geral sou uma pessoa muito comedida com minhas leituras. Não costumo ler desesperada, e já faz um tempo que não perco a noite lendo (não porque não quero, mas porque a responsabilidade de ter que acordar cedo fala mais alto), então me contento com uma horinha de leitura antes de dormir. Mas o que aconteceu com As Sete Mortes de Evelyn Hardcastle foi algo inusitado. Eu perdi o sono. Eu só queria ler. Por todas as suas mais de 400 páginas, eu queria entender o que estava acontecendo nesse maldito livro. Quando eu finalmente estava começando a pegar no sono, detalhes do livro entravam sorrateiramente nos meus pensamentos.
Foram dias infernais.
Mas estou me precipitando. Preciso começar contando sobre o que o livro fala.
"Talvez sejam os nervos ou a sabedoria vã da presciência, mas Blackheath parece um terreno fértil para a tragédia."
As Sete Mortes de Evelyn Hardcastle, escrito por Stuart Turton (lançado aqui no Brasil pela Editora Dublinense, com tradução de Hilton Lima), é um livro, no mínimo, excêntrico. Tem uma festa sendo dada na Mansão Blackheath, pela família Hardcastle. Depois de 19 anos fora, Evelyn, a filha mais velha, retorna de Paris. Mas há um grande mistério sobre Evelyn: ela será assassinada naquela noite.
A investigação, entretanto, não corre por meios normais. É meio que O Dia da Marmota, de Feitiço do Tempo, na Mansão Blackheath; e nosso misterioso convidado que faz as vezes de Phil, na verdade, acorda todos os dias em um corpo diferente. Durante oito dias, em oito hospedeiros diferentes, este homem terá que descobrir o que aconteceu com Evelyn Hardcastle.
Até aí tudo bem. Mas as coisas pioram.
"É como se me pedissem para cavar um buraco com uma pá feita de pássaros."
Algumas pessoas ali sabem o que está acontecendo. Entidades? Humanos poderosos? Não sabemos (até o final). Esse homem tem que decidir em quem confiar e como lidar com a situação. Caso ele não consiga resolver esse mistério até o oitavo dia, o ciclo começará novamente, e ele perderá todas as memórias, de novo, começando a partir do dia um, em um de seus hospedeiros. E descobrimos que este homem está há décadas nessas tentativas. Sempre retornando ao ponto inicial.
Em meio a traições, medo, confusão, diversas questões sobre o quanto esse homem guarda de si mesmo, o quanto dele pertence aos seus hospedeiros, somos presos, junto com ele, nessa teia de acontecimentos, nessa investigação. Quem assassinou Evelyn Hardcastle?
Se eu disser qualquer coisa além disso, e eu já disse demais, a experiência dessa leitura se perde. É um daqueles livros que toda surpresa faz a diferença. Eu até queria comentar sobre o final. Mas não vou. Vou guardar para mim.
"(...) mas de que adianta trocar os móveis de lugar se você põe fogo na casa ao fazer isso?"
Eu fiquei muito surpresa. Achei muito interessante a forma como esse mistério é conduzido, o cenário construído, os personagens. Não é que eu tenha gostado dos personagens, mas eles são interessantes nos seus erros (alguns são horríveis, sinceramente), e é interessante as questões que essa consciência presa nesses hospedeiros levanta, como decide agir com essas mentes que estão junto dele. Porque ele não está sozinho. Ele não guarda suas próprias lembranças muito bem, mas ele carrega alguns traços de personalidade de seus hospedeiros.
Se você se interessou, As Sete Mortes de Evelyn Hardcastle pode ser comprado na Amazon, em formato físico ou em ebook.*
Eu realmente gostei muito da leitura. Acho que a escolhi num bom momento. Quero ler o outro livro do autor, que é The Devil and the Dark Water, que infelizmente não tem tradução para o português, mas que foi descrito como "Shirley Jackson meets Sherlock Holmes in this chilling thriller of supernatural horror, occult suspicion, and paranormal mystery on the high seas". Sinceramente, poucas coisas são mais minha cara do que isso. Da última vez que usaram Shirley-Jackson-encontra-coisas-que-eu-adoro para descrever um livro deu muito certo, com My Heart is a Chainsaw.
Trago novidades assim que tiver lido. Minha próxima leitura deve ser o segundo volume da Trilogia Comando Sul, do Jeff VanderMeer, que só devo escrever sobre quando terminar todos os livros. Mas estou muito empolgada. Da primeira vez que li Aniquilação não gostei muito, mas dessa vez gostei bem mais, e gosto de um bom mistério. Quero descobrir o que acontece na Área X.
Também estou com um projeto de leituras com a Michelle. Serão dois livros. Um deles é no mínimo inusitado. Logo trago novidades.
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*Comprando com meus links da Amazon, você dá aquela forcinha sem pagar nada a mais por isso :)
1 comentários
Tão bom quando o livro é desses que vc não consegue parar de ler e quase termina num dia só. Faz tempo que não encontro um assim. Vou tentar essa indicação! Lembro que vi um vídeo sobre esse livro e fui toda faceira baixar uma amostra. Tava achando estranho pq não tinha nada a ver com o que tinha ouvido e aí percebi que era o Evelyn Hugo. 🤦
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